Aquecer água para o banho foi por muito tempo um grande desafio para as gerações passadas e apenas no início do século XX é que americanos e europeus começaram a desenvolver sistemas de aquecimento de água nas residências. Paralelamente no Brasil, surgiam os primeiros protótipos de chuveiros elétricos, afinal as redes de gás eram praticamente inexistentes nas grandes cidades, ao contrário da energia elétrica.

A importância desta invenção brasileira é tão grande para a nossa indústria que, pode-se dizer que a certidão de nascimento do chuveiro elétrico é o "Ensaio Official nº 1 do Gabinete de Electrotechnica da Escola Polytechnica de São Paulo" (atual IEE USP - Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo), datado de 18 de janeiro de 1927.

De concepção bastante simples, o chuveiro elétrico era constituído de uma resistência feita de fio de metais com alto ponto de fusão, como o níquel, o cromo ou uma liga dos dois metais, que ao aquecer, esquenta imediatamente a água, um sistema dotado de uma alavanca que abria-fechava a água e ligava-desligava a eletricidade, além do espalhador de água, sempre parecido com os tradicionais chuveiros.


Após o desenvolvimento de inúmeros produtos de forma artesanal, na década de 1940 teve início a fabricação em pequena escala comercial no País a nova forma de aquecimento de água.





Em meados dos anos 40, uma empresa da cidade de Jaú – São Paulo, desenvolveu um chuveiro que se ligava automaticamente ao abrir o registro de água. Este chuveiro também possuía duas resistências, sendo uma de baixa potência e outra de alta potência de aquecimento, de onde a combinação de funcionamento delas proporcionava várias temperaturas da água do banho. Este sistema é a base de praticamente todos os chuveiros elétricos desenvolvidos até hoje. Outras empresas desenvolveram em meados dos anos 50 um sistema dotado com um pistão que movia-se com a passagem da água, fechando ou abrindo o circuito elétrico do aparelho.

Graças à extensa propaganda feita por fabricantes e os altos custos com canalizações de gás, o chuveiro elétrico passou a ser um eletrodoméstico muito popular no Brasil e é utilizado pela esmagadora maioria da população. De seu projeto, derivaram outros aparelhos semelhantes, como aquecedores para pias e lavatórios e a “torneira elétrica”, que basicamente consiste em um chuveiro elétrico dotado de um bico de saída d’água e registro de passagem.

Com o advento do plástico, no final da década de 60 surgiram os primeiros chuveiros elétricos feitos em plásticos, como polipropileno, nylon e baquelite. Eram aparelhos de menor custo frente aos metálicos, normalmente feitos de latão ou bronze com acabamento cromado. Além das cores e maior liberdade de criação no design, o plástico também proporcionou melhor isolamento elétrico em relação aos chuveiros metálicos, uma vez que raramente eram aterrados como recomendavam os fabricantes.

No final dos anos 80, a adoção de resistências blindadas e a adequação dos produtos às novas normas de segurança e desempenho também contribuíram para que os chuveiros elétricos se tornassem aparelhos seguros e eficientes energeticamente. Hoje é tão seguro utilizar um chuveiro elétrico quanto um secador de cabelos ou um liquidificador, desde que tomados os devidos cuidados que um aparelho elétrico qualquer exige.

Uma das grandes vantagens dos chuveiros elétricos é que seu consumo de água é muito menor do que nas duchas alimentadas por aquecedores a gás, de acumulação ou solar. Nos sistemas a gás, o usuário é obrigado a triplicar o volume de água do banho para manter o sistema em funcionamento. Já nos sistemas de acumulação e solar, muita água fria é jogada no esgoto e desperiçada até que a água quente chegue à ducha e se obtenha a temperatura desejada, enquanto que o chuveiro elétrico aquece a água segundos após o registro ser aberto, não desperdiçando energia para esquentar canos.

Outro fator importante é que a maior parte do território brasileiro possui clima quente ao longo do ano, fazendo que os chuveiros elétricos sejam usados na posição “Verão” ou “Morno” contribuindo para o baixo consumo de energia elétrica.

Atualmente, são encontradas no Brasil diversas marcas e modelos de chuveiros elétricos, desde os mais sofisticados até os mais populares.

Muitos países do mundo importam chuveiros elétricos e já possuem fabricantes locais, como México, Estados Unidos, Singapura, Malásia, África do Sul, Israel, entre outros. Além disso, o chuveiro elétrico brasileiro é exportado para inúmeros países do mundo todo (nos últimos cinco anos, 69 países compraram chuveiros elétricos brasileiros). Em 2006, as vendas para o Exterior somaram mais de US$ 11,7 milhões (dados de agosto de 2007, Fonte: Secretaria de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio).

Empresas brasileiras também apresentaram em feiras de eletrodomésticos chinesas o aparelho como alternativa barata de obtenção de água quente, o qual foi recebido com interesse e parcerias com empresas locais foram firmadas.

Deste modo, o  chuveiro elétrico é cada vez mais uma boa alternativa para a economia de água e alternativa ao uso de gás para aquecimento no futuro.